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A America: semanario de revista, critica, propaganda pela democracia, artes e letras

por Maria Ione Caser da Costa
A America: semanario de revista, critica, propaganda pela democracia, artes e letras. foi lançado presumivelmente no final de 1878, segunda metade dos oitocentos, na então Província do Pará, no norte do Brasil.

Na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional pode ser consultado apenas um exemplar, o número quatro, que foi editado no dia 26 de janeiro de 1879. As pesquisas efetuadas na web em bibliotecas, na tentativa de encontrar outros exemplares, não obtiveram sucesso.

O pomposo subtítulo já designava o caminho que o periódico pretendia percorrer. Publicação destinada ao público geral, além das notícias do dia a dia, apresentou um caráter literário, buscando propagar a literatura.

A América era propriedade de Casimiro Guimarães & Cª, e o escritório da redação estava localizado na Travessa 1º de Março, número 4. Anteriormente chamada de Rua das Gaivotas, recebeu o nome de Travessa 1º de Março em 1870, em comemoração ao término da Guerra do Paraguai, permanecendo até hoje.

Publicada aos domingos, não apresentou valor para venda avulsa. A assinatura de A América valia 1$000 réis por série de quatro números. Também não são encontradas ilustrações em suas páginas, que perfazem um total de quatro. Cada página é diagramada em três colunas separadas por um fio simples.

O título é colocado ao alto da página em letras de forma e totalmente negritadas, vindo logo abaixo o subtítulo e o nome do proprietário. Fios duplos horizontais formam um espaço dividido em três partes, onde são grafadas informações pertinentes à publicação: periodicidade, valor da assinatura, data e endereço.

A publicação apresentou boa parte de textos literários. O rodapé da primeira página, também denominado rés do chão, é reservado para o folhetim, que continua nas duas páginas subsequentes. Com falta dos números iniciais de A América, não é possível conhecer o início da historieta, intitulada A Perseguida, de autoria de C. M. L.

Uma outra publicação periódica com o título O Equador:  semanario de revista, critica, propaganda pela democracia, artes e letras, é lançado com o subtítulo idêntico, no mesmo período e local, trazendo também a mesma historieta no folhetim.

Compõe esse único exemplar de A America, uma seção com o título Propaganda, que apresenta o artigo A Idéa democrática assinado por J. M. Latino Coelho (1825-1891). Outra seção chamada Literatura, com o artigo O Credo com coco, que é assinado pelo pseudônimo de Christo Vão. Encontramos também alguns poemas, decifrações e charadas. Selecionamos um soneto de Gualdino Gomes (1857-1948) intitulado Ancias.

 

Ancias

No revolto oceano d’esta vida

libertina, febril, extravagante,

eu deixo-me vagar febricilante,

em busca do ideal; mas á medida

 

que subo, e vejo a esfera apetecida

- os paramos da luz dulcificante,

mais fraco me contemplo, e vacilante

duvido e creio. N’esta ardente lida

 

em que ousado, caminho vou do Bello

ah! se ei podesse ao lucido escalpelo

da Razão, sujeitar o lodo... o pó...

 

Se podesse... riria da Materia

arrancando á ferrugem deletéria

a luminosa escada de Jacob.

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