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A Formiga

por Maria Ione Caser da Costa
O periódico A Formiga foi lançado na Corte do Rio de Janeiro, começando a circular, presumivelmente em janeiro de 1862. Os dois primeiros exemplares foram editados sem a descrição completa da data, apenas o ano civil. A partir do número 3, a data passa a ser impressa, era o dia 02 de fevereiro de 1862.

Publicação bissemanal até o número 19, e semanal a partir do número 20, de 12 de abril de 1862, quando passa a circular com o subtítulo periódico político, jocoso, crítico e noticioso.

Os primeiros fascículos foram impressos pela Typographia Popular de Azeredo Leite, situada na rua Nova do Ouvidor, 9. A partir de 1863 a responsabilidade pela impressão ficou com a Typographia Particular da Formiga. O endereço das tipografias eram utilizados exclusivamente para a impressão do periódico, sem vínculo com os responsáveis pela revista.

Periódico jocoso e crítico, foi redigido em prosa e verso. Diagramado em duas colunas, o primeiro exemplar inicia com um longo poema, que ocupa as três primeiras páginas. O redator era o Comendador Braz, e o gerente assinava como J. B. C. Aguiar, pseudônimos que mantinham os responsáveis pelo periódico no anonimato, como pode ser confirmado em texto na página 4, do primeiro exemplar. O mesmo texto foi repetido nos números 4, 14 e 17, e apresenta informações pertinentes ao periódico.
Este periodico é em formato pequeno para ser lido suavemente de fio a pavio. O seu estylo é facetado em verso ou em prosa, e sério em questões graves. Qualquer facto que mereça as honras de caricatura apparecerá em suplemento burlesco. Tudo quanto não fôr repugnativo á moral, á religião e aos bons costumes será recebido com especial agrado. A denuncia que nos fôr remmettida trará designado o lugar do facto ou caso, e o nome da cousa ou pessoa, por extenso, que o motivou. Qualquer questão particular (não sendo do seio domestico) será por nós sustentada com lealdade e segredo, mediante o que se convencionar.

O redactor em chefe jámais será descoberto, e será apenas conhecido pelo apellido de Braz da Formiga a quem serão dirigidas em cartas fechadas todas as communicações. Artigos, versos, desenhos burlescos, dennuncias, etc.

O que fôr de interesse de todos será impresso gratuitamente, e o que pertencer ao de particulares então não sahirá publicado sem pagar as despezas da impressão, a quantidade de exemplares que o interessado quizer sejam espalhados gratis, e a responsabilidade de um testa de ferro, se não quizer apparecer, ou por outra, darão 50$ rs. para uma folha inteira occupar-se só com essa causa; 80$ rs. por um suplemento burlesco sem desenho, e 120$ rs. com desenho.

Contra os annunciantes previlegiados a folha nada publicará, e são previlegiados nesta cidade vinte e tres pessoas, cujos nomes são reservados.

O escritório d’A Formiga estava localizado num sobrado da rua dos Latoeiros, 87, transferindo-se, a partir do número 46 de 11 de outubro de 1862, para o número 58 da rua da Lampadosa. Nesses locais, os fascículos avulsos eram vendidos ao preço de 80 réis, as assinaturas eram firmadas e recebiam a correspondência pertinente à publicação.

As assinaturas tinham preços diferenciados para a Corte e fora dela. Na Corte o valor cobrado era de 4$000 e 7$000 respectivamente, para a semestral e a anual, enquanto que para fora da Corte os valores cobrados eram de 5$000 para a semestral e 9$000 para a assinatura anual.

Antes do lançamento do periódico, para que todos pudessem conhecê-lo, foram distribuídos 6.000 exemplares do número de lançamento. O segundo passou a ser vendido.

O gerente de A Formiga, que assina J. B. C. Aguiar, é o sr. Joaquim Bernardino da Costa Aguiar[*], como aparece informando em alguns artigos.

No primeiro exemplar os editores se apresentam e informam suas intenções com o lançamento da publicação, num longo poema. A seguir um pequeno excerto:

 

A Formiga

Oh! Meu charo! faz favor?

Assigne aqui A Formiga.

Custa só quatro mil réis,

Ande; é pouco; pague e siga.

 

Moças feias e bonitas

Vamos: p’ra cá o cobrinho...

Peção aos pais ou maridos

Que assignem o jornalzinho.

 

Aquella que o pai não tem

Mas que tem a mamaizinha

Peça-lhe sete mil réis

E assigne A formiguinha.

 

A Formiga é engraçada,

Escreve em verso e em prosa,

O que houver de melhor

E o que precisar de tosa.

 

Os redactores são moços

Altos, magros e esguios,

Amigos dos que merecem

Os mais bellos elogios.

 

Os redactores são velhos

Baixos, gordos, repolhudos;

Que p’ra dar pancada velha

Deram agora em abelhudos

 

Vai a Formiga causar

Uma grande gritaria;

Vai ferrar matreiramente

No que ao máo se associa.

 

Vai mostrar ao povo inteiro

O que diz O novo Braz

A’cerca das novidades

Que A Formiga toma e traz.

 

Vai entrar por toda a parte

Para tudo espionar,

E depois sobre papel

Escrever, tudo contar.

 

...[**]

 



[*] Confirmar em: http://memoria.bn.br/DocReader/239232/103

 

[**] Continue lendo em: http://memoria.bn.br/DocReader/239232/1

 

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