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A Rosa: jornal critico, litteraio e recreativo

por Maria Ione Caser da Costa
A Rosa: jornal critico, litteraio e recreativo foi um periódico mensal, lançado no Rio de Janeiro em abril de 1883. Teve Pedro Magalhães e G. Villaça como redatores, e a redação funcionava na rua Gonçalves Dias, n. 33. Foi impresso na Typographia Camões, localizada na Rua do Hospício, 139.

Na Biblioteca Nacional constam apenas dois exemplares, o quarto, publicado em julho de 1883 e o número seis, publicado em setembro do mesmo ano.

O primeiro de lançamento, em seu editorial, se dedica a informar ao público leitor o caminho que os editores pretendem percorrer, as matérias que pretendem publicar ou melhor, o programa que seguirão. No caso de A Rosa, a inexistência do primeiro exemplar no acervo da BN, inviabiliza esse procedimento. Entretanto, no editorial do número quatro se pode entender que o periódico se dedicava ao público feminino. Eis o texto:

 
Amável leitora, encetando o segundo trimestre de sua existência a ‘Rosa’, seria ingrata se não vos agradecesse a proteção e benevolencia que sempre lhe tendes dispensado.

Continuando na espinhosa quão agradável empreza de voz dar leitura senão boa ao menos passavel e que vos sirva de prazer nos vossos momentos de tédio, ella espera ainda uma vez que não a desampareis aos vendavaes do esquecimento, concorrendo com a vossa bondade para que o jardim em que se acha se torne florido e ameno.

As leitoras eram convidadas a enviar suas produções literárias, que seriam gentilmente publicadas nas colunas de A Rosa, que tinha as seguintes seções: Variedade, Literatura, Biographia e Seção recreativa.

Publicação dedicada ao público feminino, apresentou em suas páginas um número razoável de poesias e trechos de contos. Seus colaboradores foram Alfredo Augusto Peret, Carlos Victorino da Cruz, Decio C. Machado, F. J. F. Machado, Francisco Augusto Miguel, Josephina M. S. e Pedro Guimarães Filho.

No número quatro está uma nota assinada por P. Magalhães com um pedido aos jornalistas. Para escrever a biografia de todos os jornalistas brasileiros, ele gostaria de contar com a colaboração dos redatores com o envio de “apontamentos seus e de seus antecessores” nos periódicos que estivessem colaborando. A razão para tal era de que “são poucos os que no nosso paiz apreciam a literatura e o mérito dos jornalistas”.

O conto “Scenas mundanas: conto incompleto” publicado no número seis e assinado por Josephina M. S., expõe claramente os abusos praticados pelos senhores de escravos e as injustiças permitidas pela legislação então em vigor no país.

Abaixo o poema de P. Magalhães intitulado “Teus anos” que foi publicado no número quatro de A Rosa.

 

Teus annos

Queira ter a lyra afinada por Deus,

Para cantar teus anos – Leonor;

Então cantaria em som harmonioso

Teu nome, e teus annos ao Senhor.

 

Mas eu só tenho desejos ardentes

Que nascem e morrem no meu coração;

Agora quizera cantar... meu anjo,

Mas não ha na terra tão bello condão!

 

Já que não posso offerecer um canto

Singelo e puro, da triste expressão;

Em chama de fogo, tua imagem adorada

Conservo gravada em meu coração!...

 

Conservo a data, tua imagem, teu nome

Tudo conservo no meu puro coração;

Uma palavra, um canto, um sorriso

Tudo conservo em magua expressão.

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