Periódicos & Literatura
< Voltar para DossiêsO Besouro: periodico critico, noticioso e litterario
por Maria Ione Caser da Costa
O Besouro: periodico critico, noticioso e litterario foi editado em Maceió pela tipografia que estava localizada na rua do Commercio e teve seu primeiro número vindo a público no dia 19 de janeiro de 1880.
Na capa, logo abaixo do título em caixa alta, consta a informação: “Redacção anonyma”. A publicação não menciona os nomes dos editores. No conteúdo, apenas algumas poesias estão assinadas por pseudônimos ou por suas iniciais: B. T. Junior, E. A. A. Affonso e Jaraguá.
Publicação semanal, seu número avulso foi vendido por 120rs, e a assinatura mensal valia 400rs. O pagamento deveria ser feito adiantadamente. Para a inserção de anúncios em suas páginas, uma nota informava que seria possível “mediante ajuste”.
Buscando aceitação e auxílio para que O Besouro tenha continuidade, os editores conclamam o povo alagoano no editorial de lançamento:
Na Hemeroteca Digital podem ser consultados quatro exemplares desse título. Os números 1, 2, 11 e 12. O segundo está ilegível. A baixa qualidade do papel, o manuseio por tantos anos e também a forma com que foi editado, podem ter ocasionado a ilegibilidade das páginas, dificultando a leitura no material digitalizado.
Em O Besouro podem ser encontrados folhetins, anedotas, anúncios e notícias de um modo geral. Publicou também alguns poemas e uma seção voltada especialmente para literatura.
Através das notícias, dispostas com frases soltas, consegue-se vislumbrar um pouco do dia a dia da localidade naquele final de século. Por exemplo: existia um local chamado “Bêco da Moeda” terrivelmente promíscuo, onde o policiamento não se fazia presente, o que levava famílias a se mudarem. Ou ainda a situação degradante do Mercado Público, onde “os moleques” circulavam livremente pelas “esquinas” e empatavam “o transito das famílias”.
Logo no primeiro exemplar, está publicado o folhetim Ernesto de Tal de Machado de Assis. Uma pena não ser possível ler a continuação do texto pois o número dois está ilegível.
A seguir um poema encontrado nas páginas de O Besouro assinado por Jaraguá, que tem como título “Soneto”.
Soneto
Sonhei que estava morto, e que chorando
Abraçavas meu corpo regelado;
Eis que súbito chega o deus alado,
E em meu peito uma setta vai cravando.
De dor um grito deste, e a mão botando
Em cima de meu peito ensangüentado,
Do destino maldizes, do teu fado,
Contra Deus, contra tudo blasfemando!
Acordo e nada vejo!., tu, querida,
Placidamente achavas-te deitada
Bem junto de meu peito e adormecida.
N’isto acordas também, ó minha amada,
E me dizes assim: - que doce vida!
A vida sem amor, meu bem, é nada!
Na capa, logo abaixo do título em caixa alta, consta a informação: “Redacção anonyma”. A publicação não menciona os nomes dos editores. No conteúdo, apenas algumas poesias estão assinadas por pseudônimos ou por suas iniciais: B. T. Junior, E. A. A. Affonso e Jaraguá.
Publicação semanal, seu número avulso foi vendido por 120rs, e a assinatura mensal valia 400rs. O pagamento deveria ser feito adiantadamente. Para a inserção de anúncios em suas páginas, uma nota informava que seria possível “mediante ajuste”.
Buscando aceitação e auxílio para que O Besouro tenha continuidade, os editores conclamam o povo alagoano no editorial de lançamento:
Eis que ausentando-se da matta frondifera na qual tinha o seu vasto empyreo, apparece hoje pela vez primeira arena jornalística o Besouro, periódico critico, noticioso e litterario.
Com saudade deixa as suas queridas paragens, onde, logo que a bella filha de Titan esparge pelo mundo os primeiros reflexos do dia, elle junctamente com os outros insectos, vai sugar o agreste cheiro das flôres da matta, accompanhado pelo gárrulo sabiá, que, embalando-se docemente nos raminhos das arvores, faz ressoar pelo mundo o seu melodioso gorgeio.
O Besouro, volitando meigamente desprenderá o seu eterno zumbido, que repercutindo pelos ângulos d’esta boa terra, achará echo no coração d’este povo cuja tradicção é tão nova como gloriosa.
Não pretende enxovalhar a imprensa como o tem feito alguns periódicos criticos, que esquecendo-se de sua nobre missão, fazem da imprensa o joguete de suas paixões particulares; criticará, é verdade, porém de modo condigno.
Será solicito no cumprimento de seus deveres uma vez que os leitores, attendendo ao seu reclamo, o memosearem com o producto de suas assignaturas.
Erigirá altares à virtude, assim como combaterá o vicio em toda a sua plenitude.
Ao povo alagoano, pois, pedimos que nos dispense o seu valioso auxilio e a imprensa brazileira a sua coadjuvação, para que impávidos possamos realisar as nossas idéias.
Na Hemeroteca Digital podem ser consultados quatro exemplares desse título. Os números 1, 2, 11 e 12. O segundo está ilegível. A baixa qualidade do papel, o manuseio por tantos anos e também a forma com que foi editado, podem ter ocasionado a ilegibilidade das páginas, dificultando a leitura no material digitalizado.
Em O Besouro podem ser encontrados folhetins, anedotas, anúncios e notícias de um modo geral. Publicou também alguns poemas e uma seção voltada especialmente para literatura.
Através das notícias, dispostas com frases soltas, consegue-se vislumbrar um pouco do dia a dia da localidade naquele final de século. Por exemplo: existia um local chamado “Bêco da Moeda” terrivelmente promíscuo, onde o policiamento não se fazia presente, o que levava famílias a se mudarem. Ou ainda a situação degradante do Mercado Público, onde “os moleques” circulavam livremente pelas “esquinas” e empatavam “o transito das famílias”.
Logo no primeiro exemplar, está publicado o folhetim Ernesto de Tal de Machado de Assis. Uma pena não ser possível ler a continuação do texto pois o número dois está ilegível.
A seguir um poema encontrado nas páginas de O Besouro assinado por Jaraguá, que tem como título “Soneto”.
Soneto
Sonhei que estava morto, e que chorando
Abraçavas meu corpo regelado;
Eis que súbito chega o deus alado,
E em meu peito uma setta vai cravando.
De dor um grito deste, e a mão botando
Em cima de meu peito ensangüentado,
Do destino maldizes, do teu fado,
Contra Deus, contra tudo blasfemando!
Acordo e nada vejo!., tu, querida,
Placidamente achavas-te deitada
Bem junto de meu peito e adormecida.
N’isto acordas também, ó minha amada,
E me dizes assim: - que doce vida!
A vida sem amor, meu bem, é nada!