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O Domingo (São João d’el Rei, MG)

por Maria Ione Caser da Costa

Em 20 de setembro de 1885 começou a circular na então província de São João d’El Rei, MG, um periódico que pretendia servir “de auxilio á grande causa do progresso intellectual do povo”. Recebeu o título de O Domingo, e teve como proprietários e redatores os jovens Jorge Rodrigues e José Braga. O novo hebdomadário surgiu com um programa “ainda não seguido por jornal algum d’esta província. Será uma folha exclusivamente litteraria, recreativa, de uma leitura facil e interessante, que distraia aos seus leitores, offerecendo-lhes ao mesmo tempo alguma cousa proveitosa”.


O primeiro editorial informa que O Domingo nasceu de um “desejo ardente”, que se tornou uma “vontade inquebrantável” dos redatores, após conhecerem o periódico A Semana de Valentim Magalhães, lançado na Corte. Um registro que sinaliza o alcance da circulação de alguns títulos editados na corte. Aparentemente, os periódicos funcionariam como um meio de comunicação dos letrados da época, especialmente aqueles interessados em deixar seu nome como escritor no parnaso brasileiro. Para confirmar a existência de uma espécie de funcionamento em rede, lê-se no exemplar de número 3 do título sanjoanense, na coluna intitulada A nosso respeito, a transcrição dos comentários positivos que o editor do A Semana publicara em seu periódico: são elogios, cumprimentos e os votos de “vida prolongada e feliz”.


Nos primeiros tempos, o escritório, administração e as oficinas eram localizados à rua do Duque de Caxias, 54. A partir da edição 9, o “escriptorio da redacção passa a ser na Praça das Mercês, número 7. O exemplar avulso era vendido por 200 réis. A assinatura semestral para a cidade era no valor de 3$000 e a anual 6$000. “Para fora” somente com assinatura anual, que podia ser feita pelo mesmo valor da cidade.  Os nomes dos  correspondentes de Ouro Preto, Victoria, e Rio Novo, encontram-se no expediente, com os quais “poderão se entender os nossos assignantes d’essas cidades”.


Na Biblioteca Nacional encontram-se 21 exemplares dos 23 editados[1], tendo o último sido publicado em 21 de fevereiro de 1886. Com oito páginas em formato tablóide, tinha um conteúdo diversificado. Em suas páginas podemos encontrar crônicas, poemas, episódios culturais, um pouco de política, resenhas, anúncios, publicidades, charadas – que quando decifradas pelos leitores, estes eram agraciados com um prêmio, - dentre outros assuntos.


Apesar dos editores serem do sexo masculino, nos exemplares também pode ser encontrado algumas mulheres pegando a pena para escrever, pois há um espaço reservado para elas, apresentando dicas de moda e de comportamento. No primeiro editorial os editores informam que “as nossas graciosissimas leitores offereceremos também uma leitura utile dulce”. Carolina Goethe, Maria Amália Vaz de Carvalho são duas destas colaboradoras.


O expediente contava também com outros colaboradores, alguns de renome: Augusto de Lima (1859-1934), José Braga, Romeu Alegre, José Rodrigues, Soares de Souza Júnior, José Braga, Arthur Azevedo (1855-1908), Jorge Rodrigues, Raimundo Corrêa (1859-1911), Anthero do Quental (1842-1891), Frederico Salgado, M. V., Silva Tavares, A. Moreira de Vasconcelos, Filinto d’Almeida, B. Lopes, Oscar Rosas.


[1] De acordo com o site http://www.patriamineira.com.br/arquivos.php?acao=arquivos&id_cat=9&id_subcat=13&id=&pag=1

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