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O Microcosmo: orgão do Centro Litterário Maciel Monteiro

por Maria Ione Caser da Costa
O Microcosmo: Orgão do Centro Litterário Maciel Monteiro foi uma publicação mensal, lançada no mês de julho de 1911, em Recife, capital do estado de Pernambuco.

Foi editada pela Typographia a Vapor de J. Agostinho Bezerra, que estava localizada na rua do Imperador e a redação de O Microcosmo localizava-se no segundo andar da rua Augusta n° 180.  Foi diagramado em três colunas. Cada exemplar possui quatro páginas. Não apresentou ilustrações.

O Centro Literário recebeu o nome do pernambucano Maciel Monteiro (1804-1868), que foi jornalista, diplomata e poeta, patrono da cadeira nº 27 da Academia Brasileira de Letras, fundada por Joaquim Nabuco. Para saber mais sobre Maciel Monteiro consulte também Letras e Artes: suplemento de Amanhã, ano 8, n. 291, de 24 de maio de 1953. Letras e Artes, o suplemento literário do jornal A Manhã foi publicado a partir de fevereiro de 1946 e contou com a colaboração de renomados literatos como Antônio Carneiro Leão,  Manuel Bandeira, Jorge Lacerda, Guimarães Rosa dentre outros.

Na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional podem ser consultados os três primeiros exemplares. Em seu formato original, a publicação mede 29cm x20cm, e o papel de impressão está acidificado.

Os responsáveis por O Microcosmo foram Pérsio Moreira como redator-chefe, e como secretários estavam Zoroastro de Araújo e Balthazar da Camara. A assinatura semestral valia 1$000. Não apresentou valor para venda a avulsa.

Com o título “Chapeau-bas”, como se fosse um “retiro o chapéu”, o editorial se apresenta ao público leitor, sem indicação da autoria do texto:
Modesto, mas encorajado de esperança, vem agora unir-se aos seus irmãos de imprensa O Microcosmo.

Modesto, - elle representa o pensamento de nós outros, - moços que compomos o Centro Litterario Maciel Monteiro; - encorajado de esperança, porque confia em a acceitação franca e leal de seus collegas congeneres.

Surgindo do meio limitado de nosso Centro, elle é simples e exclusivamente o repercutôr de nossos trabalhos intellectuaes, — sem pretenções a um jornal de longa esphéra, limitando-se á ser orgão de nossa aggremiação.

Que o publico o acceite como um esforço de nossa vontade, - lisonjeando-o com a sua benevolencia, basta-nos.

De vida curta, publicando apenas sobre arte e literatura, teve a colaboração de Durval Cesar, Amador Cysneiros, Gercino Malagueta de Pontes (1894-1967), Ernesto Alvares, França Bezerra, Irineu Malagueta Pontes (1890-1964), J. Fernandes, Nery de Souza Filho, dentre outros.

O soneto a seguir, pertence a I. Malagueta Pontes, que está na primeira página do terceiro exemplar, último da coleção preservada na Biblioteca Nacional.

 

Na montanha

Oh! producto de grande cataclysmo,

Que revolveo telluricas entranhas

Jacentes no profundo e negro abysmo,

Oh! coração de pedra das montanhas!

 

Enlevado eu te admiro. E nas extranhas

Modalidades pulchras do mutismo

Em que teu petreo corpo inerte banhas,

Em pensativo longo tempo scismo:

 

Oh! da terra medonhas convulsões

Que transmutaes assim o verde plano

Em montanhas, regatos e vulcões

 

Tambem existem, num labor insano,

Magestosas, incriveis mutações

Na trama interna de meu peito humano.

 

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