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O Pensador: órgão litterario, scientifico e noticioso

por Maria Ione Caser da Costa
O Pensador: órgão litterario, scientifico e noticioso foi mais um periódico que circulou no Rio de Janeiro no final do Império, e, por sua efemeridade, não conheceu nem noticiou a República. Lançado no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, local que acolheu a família Real, teve por vizinhos inúmeras família nobres, tendo recebido a alcunha de Bairro Imperial.

Não temos como precisar a data de lançamento de O Pensador. O único exemplar existente na Biblioteca Nacional é o de número 4 e foi editado no dia 05 de outubro de 1886.

Publicação quinzenal, tinha como proprietário Cleomenes Ferreira e como redator, Alfredo Rosario. Foi confeccionado em quatro páginas e diagramado em duas colunas. Impresso pela Typographia Camões, que estava localizada na rua do Hospício, nº 139. O expediente avisava que "toda a correspondencia deve ser drigida à rua Bella de S. João n. 27", e que o pagamento das assinaturas deveria ser feito antecipadamente.

Os valores das assinaturas variavam da Corte para as Províncias. Naquela, a mensal valia $300, e a trimestral $800, e nas Províncias o valor cobrado para a assinatura mensal era de $500, enquanto que a trimestral valia 1$500.

O Pensador publicou poemas, contos, crônicas e notícias de um modo geral. Os contos e crônicas eram publicadas em capítulos sequenciais. Por só termos um exemplar, não é possível conhecer o texto na íntegra.

Na seção ‘Noticiário', texto que mostra como viviam os moradores do bairro de S. Cristóvão nos idos de 1886. A informação de um concerto no clube seguido de baile que terminara às 5h da manhã; ou a falta de luz no bairro que assim foi anunciada: "perguntamos a quem de direito, qual o motivo porque nos deixa sem luz até ás 7 1/2 da noite. Será desmaselo do pessoal propheta ou da administração? Pobre S. Christovão!", são alguns exemplos.

A seção 'Correspondencia' trouxe a relação dos periódicos que a redação de O Pensador recebera, apresentando sempre um agradecimento e as felicitações.

Destacamos, a seguir, o soneto "O Escravo" de Agenor Moreira que foi publicado na página três. Infelizmente nada foi encontrado sobre o autor do poema. Deve-se supor ser mais um abolicionista por suas palavras que almejavam o fim de um dos momentos mais tristes vividos em nosso país.O Escravo

Escravo!...nome que volta aos sentimentos,

Qu'enlutece soberbos corações,

Qu'algema para sempre o pensamento

E que apaga da lembrança as illusões!...

 

Escravo!...emblema fatal da tyrania!...

Lugubre ferrete d'uma historia,

Sustentacl'o de infame oligarchia,

Véo qu'affrouxa o scintillar da gloria!...

 

Escravo!... monopólio brasileiro,

Escravo!... do passado terrível tradução

E dos vícios o abysmo derradeiro!...

 

Escravo!...homem sem e sem razão;

Mas, em breve no futuro prazenteiro

Ha d'o escravo ter a luz da Redempção!

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