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Illustração paranaense: mensário paranista de arte e actualidades

por Maria Ione Caser da Costa

Lançada em novembro de 1927 na capital paranaense pelo jornalista e fotógrafo João Baptista Groff, o periódico circulou até novembro de 1930. Após uma interrupção de mais de dois anos, retornou em fevereiro de 1933, com uma edição voltada para as exposições industriais que aconteciam no Paraná, no Rio de Janeiro e em outras localidades.


Illustração paranaense recebeu o subtítulo de mensário paranista de arte e actualidades. O periódico apresentava os temas e as idéias que estavam em pauta naquele momento, retratando o ambiente artístico e sociocultural, sempre voltadas para o desenvolvimento do Estado. O movimento paranista foi criado no Paraná, nas décadas de 1920 e 30, com o objetivo de garantir uma identidade que preservasse as tradições e o culto da história para o estado que se modernizava. Contava com a participação de artistas, intelectuais e literatos.


Inicialmente a revista era vendida ao preço de 1$500, com as assinaturas anuais custando 20$000 para o porte simples e 25$000 para o porte registrado. Logo no mês seguinte, dezembro, o número avulso passa a custar 2$000. Eram grandes as propagandas e anúncios publicitários, com espaços anunciados com preços que variavam de 200$000 para a página inteira, 12$000 para meia página, 60$000 e 50$000 para ¼ e 1/8 de página respectivamente. A publicação iniciou com redação provisória funcionando à rua Quinze de Novembro, 51-A, e as oficinas localizadas na rua Marechal Deodoro, 63-A. A partir do ano 3, n. 12, publicado a 31 de dezembro de 1929, o valor de venda do exemplar retornou ao preço inicial, 1$500, pois a revista havia passado a ser impressa em oficinas próprias, segundo justifica o expediente. As oficinas, redação e administração passam a funcionar à rua Dr. Muricy, 850.


Com uma boa qualidade gráfica e editorial, Illustração paranaense tinha um número de páginas que variava entre 48 e 74, que curiosamente não recebiam número de paginação. As capas são em papel cartão colorido, variando entre o rosa, o verde e o azul, com uma mesma ilustração que não varia. As letras do título e a ilustração de capa recebem um tom dourado que complementam e iluminam o adorno. A ilustração, de autoria do desenhista e escultor João Turin, apresenta um homem de braços abertos em meio a alguns pinheiros, símbolo do Paraná, a araucária, realçando a relação entre eles. Logo abaixo do desenho, também com tinta dourada, são postos lado a lado, vários desenhos que representam o pinhão, fruto da araucária.


A revista é ricamente ilustrada com fotografias, desenhos originais e reproduções de pinturas e esculturas, articulando os textos publicados com as imagens. São usados também e vinhetas e outros elementos visuais decorativos para separar e decorar as ilustrações, os poemas, as crônicas e as reportagens apresentadas. Em suas páginas são encontradas também partituras musicais de óperas e de cânticos patrióticos paranaense.


Illustração paranaense recebeu a colaboração de inúmeros artistas e intelectuais pertencentes ao estado do Paraná. Dentre estes podem ser citados:  Alceu Chichorr, Crispim Mira, Emilio de Menezes (1866-1918), Ermelino de Leão, Jayme Ballão Junior, Lacerda Pinto, Léo Cobb, Odilon Negrão, Romario Martins, Seraphim França, Theophilo G. Vida, Theodoro De Bona, Arthur Nísio, Zaco Paraná,  Frederico Lange de Morretes,  Alfredo Andersen, João Turin (escultor), Euclides Bandeira, Emiliano Pernetta, Dario Vellozo, Leoncio Correia, Nestor de Castro, Silveira Netto (1872-1942), Tasso da Silveira (1895-1968) e Romário Martins.


Romário Martins, jornalista e intelectual foi considerado o maior historiador do Paraná. Exerceu também cargos políticos, sendo de sua autoria a criação da bandeira e do brasão do estado bem como a criação do brasão e das armas da cidade de Curitiba.  Fundou e foi membro atuante do Instituto Histórico e Geográfico Paranaense, e ocupou por mais de vinte e cinco anos o cargo diretor do Museu Paranaense. Foi um dos principais líderes do Movimento paranista. Na construção da revista Illustração paranaense teve um importante papel, colaborando com vários textos e artigos, sendo dele todos os textos abertura da publicação. O que chama a atenção nestes textos –  que abordam o folclore e as lendas indígenas -, é o contorno de sua mancha gráfica:  cada um dos textos aparecem impressos no formato de um símbolo do Paraná.


Na Biblioteca Nacional podem ser encontrados os 32 exemplares desta coleção. Em todos eles são podem ser localizados em suas páginas, além dos elementos visuais e textuais, uma gama de propagandas dos anunciantes locais, bem como uma infinidade de anúncios de produtos ou serviços oferecidos à comunidade. Na maioria dos casos estes anúncios apareciam nas páginas iniciais e finais da revista.


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