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Os Collegas: publicação semanal

por Maria Ione Caser da Costa
Veio a lume em 13 de novembro de 1881, no Rio de Janeiro um periódico com o título de Os Collegas. Na Biblioteca Nacional podem ser encontrados três exemplares do título. Os dois primeiros estão na Hemeroteca Digital. O número 3 ainda não está digitalizado, podendo ser consultado apenas em seu formato original na Coordenadoria de publicações Seriadas.

De tamanho pequeno, medindo apenas 21cm x 15cm, com 4 páginas cada exemplar, recebeu como subtítulo uma informação de sua periodicidade: publicação semanal.

Era propriedade de J. D. & R. P. B. Foi impresso por uma tipografia que estava localizada na rua de S. José, 48. Em um dos números está grafado rua S. José 47. Erro de colocação dos tipos? Sinal de uma imprensa semiprofissional? Não temos como responder. O número avulso era vendido ao preço de 40 rs. A assinatura mensal custava $500 e a trimestral 1$500.

O texto do expediente deste pequeno periódico, que se repete nos três exemplares, dava conta dos benefícios que receberiam seus assinantes: “As pessoas que nos fizerem a honra de assignarem a nossa pequena folha, lhes ficaremos eternamente agradecidos. Os srs. assignantes teem o direito de, gratuitamente, publicar seus artigos”.

Graficamente o periódico era dividido em duas colunas, separadas por um fio simples. Os fios duplos eram usados na vertical para separar os artigos e as notas publicadas. Não trazia ilustrações.

No editorial os editores comparam a empreitada de lançamento de um novo periódico com aquilo que esperam os atores de teatro: alcançar o sucesso:

Do mesmo modo que nas meninices italianas, em que os principaes actores veem á scena annunciar, por meio de gestos, que farão um papel importante na peça que se vae representar, assim, nós tambem viemos dizer-vos: - Somos o mais moço de todos os jornaes brazileiros; se não viemos ao mundo mais cedo, não foi por nossa culpa, mas sim porque ninguém se cria a si proprio, e os nossos redactores não se decidiram a crearnos mais cedo. Enfim, eis nos aqui; apparecemos á luz brilhante do sol, esperando que não nos lanceis a sombra, e que nos dispenes vossa valiosa proteção, como sempre tendes feito com os nossos collegas.
Não pedimos que vos esqueçaes nossos irmãos mais velhos, não; pedimos-vos sómente que dês uma parte da profunda amizade que lhe tens.


Segue o editorial solicitando aos leitores que se considerem literatos que guiem seus passos com conselhos e apoio. Assinando como Os Collegas, os editores finalizam, cumprimentando os periódicos que já circulavam no Brasil imperial:

 

Somos bem moços, um dia apenas, porém depressa cresceremos se virmos que vós o desejaes. Então, quando formos maiores, diremos tudo o que soubermos e faremos o possível para agradar-vos.Agora, meus caros leitores, se aquelles que d1entre vós, são considerados pela sua sciencia e estudo como verdadeiros mestres da litteratura, quizerem nos dirigir e guiar nossos tremulos passos com seus esclarecidos conselhos, não teremos a desejar senão um numero tão grande de assignantes, como de leitores.Comprimentamos entre amigas todas as outras folhas.


Em suas páginas encontramos seções denominadas Folhetim, Maxima, Motte, Glosa, Variedades e Charadas. No segundo exemplar, a seção Mote é assinado por Dr. Gargalhada, autoridade habitual do periódico O Badalo: orgão dedicado às pessoas que soffrem de hypocondria, que também pode ser lido neste dossiê. Alguns de seus colaboradores assinavam com pseudônimo. Estes são os que fazem parte desta publicação: Dr. Gargalhada, Dr.Mofa, Henri Murger, José Antonio Pinheiro, L.F.L. Junior (tradutor) e Maria Peregrina de Souza. Também não foi possível descobrir os nomes completos dos seus editores.

Destacamos, de Os Collegas, o poema de Maria Peregrina de Souza intitulado Tristeza e consolação, publicado no ano 1, número 2 .

Alma trista, pobre alma,
Porque olhas o passado.
Com saudade e com remorso.
E o presente sem agrado?!

Vês sem gosto quanto abarcas,
Ouves tudo sem prazer;
O que já te deu contentos,
Hoje só te faz soffrer.

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