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A Estrella D'Alva: publicação semanal de litteratura, poesia, charadas, anedoctas e modinhas

por Maria Ione Caser da Costa
A Estrella d’Alva foi um periódico lançado no Rio de Janeiro nos primeiros meses de 1863. Na Biblioteca Nacional pode ser encontrado um único exemplar completo: o segundo publicado, que recebeu a designação de anno 1, n.2 e foi editado no dia 01 de março daquele ano, um domingo. Seu longo subtítulo demonstrava as áreas que seus editores pretendiam atuar, confirmando um modus operandi da época: publicação semanal de: litteratura, poesia, charadas, anecdotas e modinhas.

Além deste exemplar, estão conservadas no acervo duas folhas soltas, ambas das páginas 3 e 4, do que tudo indica serem do primeiro e do terceiro exemplares. É importante observar que estas duas páginas representam metade do jornaleco, pois que ele era composto em quatro páginas.

A publicação foi editada pela Typographia Americana de José Soares de Pinho, localizada na rua da Alfandega, 197. Os preços de assinatura podem ser encontrados no cabeçalho da publicação, logo abaixo do título: para a Corte custava 4$000, 2$000 e 1$000, valores para assinatura anual, semestral e trimestral, respectivamente. Em Nitheroy as assinaturas anual, semestral e trimestral eram vendidas por 5$000, 2$500, e 1$500, respectivamente. Um fato curioso, pois não era comum que houvesse esta diferença de preço entre as duas cidades tão próximas.

A inexistência da primeira página do primeiro exemplar dificulta conhecer um pouco melhor o periódico, pois era nela o local habitual para os editores se apresentarem e exporem sua ´proposta de trabalho, dando ma direção do público que se deseja alcançar. Apenas tratar-se de um periódico com tema voltado para a música. Folheando as páginas existentes na BN, não há como chegar a esta conclusão. Tudo indica que seja uma anotação baseada em seu subtítulo.

Não existe nome de editor. O editorial do segundo número é assinado por A redação e comenta a letargia da nação que levou ao bombardeio da costa brasileira pelos britânicos numa referência ao que ficou conhecido como a "questão Christie". Uma síntese melhor talvez passe pela idéia de que o editorial faz uma crítica, mesmo que metafórica, à escravidão e também à falta de preparo da Marinha e do Exército para defesa do país. Os colaboradores assinam com suas iniciais. São eles: F. M. P. das Neves, R. S. e V. A. Ribeiro.

A diagramação da página foi feita em duas colunas utilizando um fio simples para dividi-las. Mede 29cm X 20cm. Não apresenta ilustrações. Anecdota, Acrostico, Poesia, Variedade, Charadas são os nomes das seções encontradas nas páginas do periódico.

Abaixo, o poema intitulado A uns olhos de V. A. Ribeiro, publicado na página 4 possivelmente do exemplar número 3.

A uns olhos

Como é bello ver da aurora
O risonho despontar,
Como é bello ver teus olhos
Na tua fronte brilhar.

Como é bello do coleiro
O sonoro gorgear,
Como é bello ver teus olhos
Na tua fronte brilhar.

Como é bello no estio
Da cigarra o chilrar
Como é bello ver teus olhos
Na tua fronte brilhar.

Como é bello ver a rola
O companheiro beijar,
Como é bello ver teus olhos
Na tua fronte brilhar.

Como é bello Marcia bella
Essa perfeição sem par,
Ver a ver os teus olhos
Na tua fronte brilhar.

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