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Adelina Lopes Vieira

por Maria do Sameiro Fangueiro
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Adelina Amélia Lopes Vieira nasceu em Lisboa, em 20 de setembro de 1850 e morreu no Rio de Janeiro, em 1922 (?). Era filha de Valentim José da Silveira Lopes e de Antonia Adelina. Seus pais vieram para o Brasil quando ela tinha um pouco mais de um ano. Formou-se professora pela Escola Normal do Rio de Janeiro. Foi casada com Antonio Arnaldo Vieira da Costa. Escritora, contista, professora e teatróloga, ficou conhecida no Brasil como autora de contos para crianças. Escreveu com sua irmã, Júlia Lopes de AlmeidaContos infantis (1886). Formou-se professora pela Escola Normal do Rio de Janeiro. Escreveu peças de teatro, foi tradutora e colaboradora de periódicos, como o jornal O Tempo, onde defendia a política de Floriano Peixoto, e a revista A Mensageira. Traduziu A terrina, comédia em um ato, de Ernesto Hervelly. Publicou o livro Margaritas, no Rio de Janeiro, em 1879 e o conto Destinos, em 1890. Escreveu peças teatrais como A viagem de Murilo, drama em verso, As duas doses, drama, e Expiação, drama em três atos e um prólogo. Na revista A Faceira encontramos de sua autoria o soneto “A lancha negra”.


A lancha negra


Para velar da luz a face refulgente
Nuvens pesadas vão correndo acumuladas,
E, na treva do oceano, as vagas compassadas
Passam, uma por uma, interminavelmente.


Mais do que a sombra, escura, avulta de repente
A lancha negra, vem… dos remos as pancadas
Ferem o mar, que chora, em gotas prateadas
As lágrimas sem fim, da sua dor pungente.


Eil-a a meus pés, a lancha, e nella, silenciosa,
Embarca a doce e branca imagem de outra idade!
E vejo-a ir… sumir-se… a lancha mysteriosa!…


Então, dentro de mim, num soluço, a saudade
Murmura, a perscrutar a sombra tenebrosa:
Nunca mais voltarás, nunca mais! Mocidade.


Em: A Faceira, ano 1, n. 4, nov. 1911.



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