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A Mascotte

por Maria Ione Caser da Costa
O semanário A Mascotte surgiu no Rio de Janeiro em 18 de setembro de 1881, um domingo. Era propriedade de Carlos de Moura, Martini & Mattos. Essa informação estava disposta em cabeçalho logo abaixo do título.

A Mascotte foi editada pela Typographia da Mascotte, localizada na Rua da Ajuda, número 116. Local para onde deveria ser “enviada, por carta,” toda e qualquer correspondência.

Observa-se que a tipografia não pautava por uma linha editorial determinada, pois em suas páginas são solicitadas encomendas dos mais variados tipos, desde os semanários até “cartas de enterro”. Na última página do número quatro encontramos a informação de que a tipografia: “aprompta todo e qualquer trabalho para o commercio com brevidade, nitidez e preços módicos”.

O editorial d’A Mascote aponta como interesses do periódico a ciência, a arte e a literatura:

No meio desta alluvião jornalística, deste combate insano da imprensa, surge a luz a Mascotte, pallida representante de uma mocidade ainda novel na lide espinhosa da imprensa.
O que viemos fazer não sabemos, o publico nos julgará.
Esperamos, convictos, que os nossos collegas, nos prestarão auxilio, quando nos acharmos prestes a tombar, n’algum despinhadeiro, no caminho da imprensa.
Amamos a sciencia e a arte.
Queremos a litteratura.
Aceitamos qualquer conselho, pois não temos as pretensões orgulhosas dos parvos.
Somos jovens, mashemos bem cedo comprehendido o nosso dever.
Por isso, desde já antecipamos nossos eternos agradecimentos àquelles que nos auxiliarem neste nosso primeiro tentamen.


Como pode ser notado, o interesse do periódico na ciência, na arte e na literatura, se apresenta em uma postura por vezes satírica e jocosa. Entretanto, observa-se uma conduta ética de seus editores no que diz respeito ao diálogo travado com os outros periódicos editados à época. Em seção nominada “Noticiário”, são referendados títulos que passaram a circular “na côrte” na época em que circulava A Mascotte, desejando-lhes vida longa: O Pygmeo, Carbonario, Pyrilampo, Cornimboque, Aura e Extravagante. Alguns destes títulos já fazem parte deste dossiê.

A Biblioteca Nacional possui apenas dois exemplares do título em questão: o mencionado acima e o outro é o quarto a ser publicado, vindo a publico no dia 16 do mês de outubro, quando completava um mês de lançamento da publicação. E o agradecimento ao público leitor saiu impresso desta forma:

Completamos com este numero o nosso primeiro mez.
Estamos summamente penhorados, pela maneira com que o povo fluminense tem recebido a nossa folha.
Mostramos que não temos perdido a coragem dada pelos nossos collegas.
Ainda mais uma vez agradecemos ao povo fluminense e aos nossos collegas a consdencencia [sic] que teem tido para comnosco.
Esperamos continuar a receber as mesmas provas que o povo nos tem dado até aqui.


Não encontramos, em nossas pesquisas, qualquer notícia sobre a continuação de A Mascotte. Impresso em papel madeira media 22 cm x 14 cm, apresentando em seu formato original, uma acidificação natural do papel em virtude do tempo, e um amarelecimento em suas páginas.
No cabeçalho os tipos de letras variam. Foi diagramado em três colunas, separadas por fio simples. Fios de balanço separam os assuntos. As propagandas e reclames ocupam espaço de duas colunas na última página.

Sem mencionar os nomes dos colaboradores, muitos são os comunicados colocados para os leitores. Menciona também a marca dos dois mil exemplares vendidos, o que incentiva os editores a passarem a aceitar assinaturas.

Apesar de uma seção intitulada “Poesias”, é pobre neste quesito. Destacamos o pequenino poema, publicado em suas páginas com o título “A Ella”, e assinado por Mattos, que homenageia o periódico.

A Ella

Minha querida Mascotte
Nunca te deixo de amar
......................................
Adeos querida e bella
Não posso mais continuar.

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