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< Voltar para DossiêsO Equador: semanário de revista, critica, propaganda pela democracia, artes e letras
por Maria Ione Caser da Costa
O Equador: semanário de revista, critica, propaganda pela democracia, artes e letras foi um periódico editado em Belém, na segunda metade do século XIX. O único exemplar preservado na Biblioteca Nacional, que pode ser consultado através da Hemeroteca Digital é o número 2, publicado em 9 de março de 1879.
Abaixo do título, foram diagramados uns pequenos arabescos e a seguir a nota: “propriedade de uma empresa”.
O periódico foi impresso pela Typographia do Diario do Gram Pará, que estava situada no número 29 da Travessa de São Matheus. O escritório da redação de O Equador estava localizado na travessa Primeiro de Março, nº 4.
A falta do exemplar de lançamento não nos permite saber o programa que a publicação desejava seguir. O artigo de abertura do segundo exemplar, aponta algumas perspectivas idealizadas pelos editores. Eis um excerto do texto:
Os redatores continuam o texto promovendo as “instituições modernas”, que são as associações que determinados grupos formavam em prol da ampliação da cultura e para partilhar o conhecimento literário. Classificam as associações literárias como “o meio poderoso das classes operarias se emanciparem”.
O fascículo em questão possui quatro páginas, que estão divididas em três colunas separadas por um fio simples. Não apresentou ilustração.
Publicado aos domingos, O Equador não apresentou valor de venda para número avulso. A assinatura mensal valia 1$000 réis.
Como pode ser confirmado em seu subtítulo, O Equador tinha como tema principal a defesa da democracia, procurando também apresentar artigos sobre arte e literatura.
O conteúdo de O Equador é semelhante a outra publicação, que circulou no mesmo ano: A América, e que também pode ser consultado nesse dossiê. Além de apresentarem subtítulos idênticos, “semanario de revista, critica, propaganda pela democracia, artes e lettras”, publicaram também o mesmo folhetim.
O semanário teve como colaboradores, J. M. Latino Coelho, C. M. L. e Sousa Viterbo (1845-1910). E é do poeta Francisco Marques de Sousa Viterbo que transcrevemos a seguir o poema “As senhoras fidalgas da confraria de S. Tartufo”.
As senhoras fidalgas da confraria de S. Tartufo
Podeis peccar, esplendidas senhoras,
podeis cahir da tentação no abysmo,
para o peccado velho ha o baptismo,
e para os de hoje, ó santas peccadoras,
há de haver umas rezas, uns bentinhos,
a benção telegraphica de Roma...
Eia, envolvei- vos n’esse casto aroma,
e embriagae-vos nos celestes vinhos !
Não tenhaes medo; o Christo que se adora
nas vossas perfumadas sacristias,
é um Christo que vive das orgias
e que da cruz, sorrindo, vos namora.
Podeis arder nos fogos da impureza,
de certo que o theologo mais fino
dirá do vosso amor que elle é divino
e que sois tal e qual santa Thereza.
Podeis peccar; eu sei d'uns niveos braços,
que envolveram um dia o seu vigário
e não foram pregados no Calvario
porque os salvou Nosso Senhor dos Passos.
Podeis peccar! Ao dar a vossa esmola,
vi tremer de vergonha a caridade;
mais que importa que chore a castidade,
se está contente Ignacio de Loyola?
Podeis peccar. Vós sois as carnes alvas,
sois a grave e terrivel formosura;
amaes no carnaval os Marialvas;
e, durante a quaresma, o Padre-cura.
Podeis peccar, podeis! Agora eu
já não tenho ninguém que me proteja;
deitou-me um sachristão fóra da Egreja,
como cão miserável como atheu.
Abaixo do título, foram diagramados uns pequenos arabescos e a seguir a nota: “propriedade de uma empresa”.
O periódico foi impresso pela Typographia do Diario do Gram Pará, que estava situada no número 29 da Travessa de São Matheus. O escritório da redação de O Equador estava localizado na travessa Primeiro de Março, nº 4.
A falta do exemplar de lançamento não nos permite saber o programa que a publicação desejava seguir. O artigo de abertura do segundo exemplar, aponta algumas perspectivas idealizadas pelos editores. Eis um excerto do texto:
Alvitrámos no nosso artigo precedente que uma de nossas mais instantes necessidades, é a de promover-se em larga esphera o espirito de associação.
Insistamos n’este ponto.
Convergem n’este momento as nossa vistas sobre as massas populares.
É claro que não ambicionamos, nem tampuco insinuamos, que o povo procure conseguir philosophar com uma ilustração equiparável á de Cusin, [possivelmente uma referência a Victor Cousin (1792-1867), filósofo francês] ou que chegue a poder historiar os acontecimentos com uma critica digna de Cantu. [menção a Cesare Cantù (1804-1895), escritor e historiador italiano].
Queremos simplesmente que o povo saiba raciocinar; que não permaneça em uma vida isolada, porque a misanthropia só serve de estacionar o seu espirito na indifferença; que bem esclareça o seu entendimento sobre os seus direitos nas funções do município; [...].
Os redatores continuam o texto promovendo as “instituições modernas”, que são as associações que determinados grupos formavam em prol da ampliação da cultura e para partilhar o conhecimento literário. Classificam as associações literárias como “o meio poderoso das classes operarias se emanciparem”.
O fascículo em questão possui quatro páginas, que estão divididas em três colunas separadas por um fio simples. Não apresentou ilustração.
Publicado aos domingos, O Equador não apresentou valor de venda para número avulso. A assinatura mensal valia 1$000 réis.
Como pode ser confirmado em seu subtítulo, O Equador tinha como tema principal a defesa da democracia, procurando também apresentar artigos sobre arte e literatura.
O conteúdo de O Equador é semelhante a outra publicação, que circulou no mesmo ano: A América, e que também pode ser consultado nesse dossiê. Além de apresentarem subtítulos idênticos, “semanario de revista, critica, propaganda pela democracia, artes e lettras”, publicaram também o mesmo folhetim.
O semanário teve como colaboradores, J. M. Latino Coelho, C. M. L. e Sousa Viterbo (1845-1910). E é do poeta Francisco Marques de Sousa Viterbo que transcrevemos a seguir o poema “As senhoras fidalgas da confraria de S. Tartufo”.
As senhoras fidalgas da confraria de S. Tartufo
Podeis peccar, esplendidas senhoras,
podeis cahir da tentação no abysmo,
para o peccado velho ha o baptismo,
e para os de hoje, ó santas peccadoras,
há de haver umas rezas, uns bentinhos,
a benção telegraphica de Roma...
Eia, envolvei- vos n’esse casto aroma,
e embriagae-vos nos celestes vinhos !
Não tenhaes medo; o Christo que se adora
nas vossas perfumadas sacristias,
é um Christo que vive das orgias
e que da cruz, sorrindo, vos namora.
Podeis arder nos fogos da impureza,
de certo que o theologo mais fino
dirá do vosso amor que elle é divino
e que sois tal e qual santa Thereza.
Podeis peccar; eu sei d'uns niveos braços,
que envolveram um dia o seu vigário
e não foram pregados no Calvario
porque os salvou Nosso Senhor dos Passos.
Podeis peccar! Ao dar a vossa esmola,
vi tremer de vergonha a caridade;
mais que importa que chore a castidade,
se está contente Ignacio de Loyola?
Podeis peccar. Vós sois as carnes alvas,
sois a grave e terrivel formosura;
amaes no carnaval os Marialvas;
e, durante a quaresma, o Padre-cura.
Podeis peccar, podeis! Agora eu
já não tenho ninguém que me proteja;
deitou-me um sachristão fóra da Egreja,
como cão miserável como atheu.