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Antonio Mariano Alberto de Oliveira

por Maria do Sameiro Fangueiro
Alberto de Oliveira nasceu no distrito de Palmital, na Vila de N. S. de Nazaré de Saquarema, hoje Saquarema, RJ, em 28 de abril de 1857, e faleceu em Niterói, RJ, em 19 de janeiro de 1937. Era filho de José Mariano de Oliveira e de Ana Maria da Encarnação Ribeiro de Mendonça. Foi farmacêutico, professor e poeta. Em 07 de fevereiro de 1889, casou-se com Maria da Glória Rebelo Moreira. Teve um filho, que recebeu o nome de Artur de Oliveira.

Começou os estudos em escola pública, de sua cidade natal.

Em 1867, foi para a Corte com a família. Na capital, continuou os estudos no Colégio Aquino, instituição particular. Em 1877, cursou a Faculdade de Farmácia em Niterói, diplomando-se em 1884. Durante três anos, estudou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas não concluiu o curso.

Na década de 1880,ele conheceu o grupo de intelectuais formado por Olavo Bilac (1865-1918), Raul Pompeia (1863-1895), Raimundo Correa (1859-1911), Aluizio Azevedo (1857-1913), Machado de Assis (1839-1908), Lúcio de Mendonça (1854-1909), Pardal Mallet (1864-1894) e Valentim Magalhães (1859-1903) já escritores renomados.Passou, então, a frequentar os encontros do grupo, que se reunia principalmente na casa de Alberto de Oliveira, no bairro da Engenhoca, em Niterói,conforme anota o Dicionário Biobibliográfico de Membros da ABL (2007).

A trajetória de Alberto de Oliveira como escritor foi iniciada em 1877, quando publicou o livro Canções românticas. Em 1884, publicou Meridionais, prefaciado por Machado de Assis, gesto de consagração do autor. Ao mesmo tempo em que produzia sua obra literária, ele fazia carreira na administração pública e como professor. Em 1892, foi oficial de gabinete do presidente do Estado, Dr. José Tomás da Porciúncula (1854-1901). De 1893 a 1898, exerceu o cargo de diretor geral da Instrução Pública do Rio de Janeiro. Foi professor na Escola Normal e na Escola de Arte Dramática, dirigida por Coelho Neto (1864-1934).

Sua produção foi vasta, tendo organizado as antologias Páginas de ouro da poesia brasileira (1911) e Céu, terra e mar (1914). Colaborou em vários jornais e revistas, entre os quais Gazetinha, A Semana, Diário de Rio de Janeiro, Mequetrefe. Não raramente, escrevia usando os pseudônimos Atta-Troll, Acácio de Xexas, Don Bibas e Lírio Branco.

Alberto de Oliveira é considerado por seus estudiosos como um poeta que se adaptou perfeitamente aos princípios parnasianos, um dos mestres dessa estética. Formou com Olavo Bilac (1865-1918) e Raimundo Correia (1859-1911) a “tríade parnasiana”. É o primeiro ocupante da cadeira n.8, da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é o poeta árcade Cláudio Manoel da Costa (1729-1789). Em outubro de 1935, ele ingressou no Cenáculo Fluminense de História e Letras, em Niterói. Após seu falecimento, sua valiosa biblioteca foi doada à Academia Brasileira de Letras.



Sonho de barco

À proa do Albatroz as aguas mugem,
Quão bello é o mar! E elle, desarvorado,
Elle estupidamente alli parado
Sobre um leito de pedras e salsugem!

_ “Vem!” a instigal-o os vagalhões estrugem;
_ “Vem! _ diz-lhe o vento a rouquejar num brado _
Rasga, desfaz, singrando o illimitado,
Teu sudario de limos e ferrugem!”

Mas ah! foram-se ao barco os grandes dias!
Erra-lhe a alma, entretanto, ao luar divaga,
Sonha entrar longe o golfão das estrellas...

Fervem constellações, como ardentias,
Encarneiram-se as nuvens, _ vaga e vaga,
E um largo sopro do alto lhe enche as velas.

Em: America Latina: revista de arte e pensamento. Anno 1,n.2,set.1919.

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