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Aspiração nacional: periodico politico, satyrico, scientifico e litterario

por Maria Ione Caser da Costa
Aspiração nacional, que recebeu o extenso subtítulo de periodico politico, satyrico, scientifico e litterario, foi lançado no Rio de Janeiro no dia 28 de junho de 1879. Seu redator e proprietário foi F. C. Ferreira Lima e foi impresso pela Typographia Cosmopolita, então localizada na rua do Regente, nº 31, atualmente, rua Regente Feijó.

No acervo da Coordenação de Publicações Seriadas da Biblioteca Nacional, consta somente o exemplar número 1, que pode ser consultado na Hemeroteca Digital, mas a partir de busca por outros exemplares, pode-se afirmar que foram publicados pelo menos mais dois números[1].

Logo abaixo do cabeçalho, estão grafados, entre duas linhas horizontais, as seguintes afirmativas: “Liberdade plana do pensamento” e “Responsabilidade do autor”.

Um longo editorial ocupa quase toda a primeira página da publicação. Nele, o redator afirma que “o progresso da nação brazileira é retrogrado! O gemem do mal vai adquerindo solidas raizes no solo nacional; a desmoralisação já occupa com vantagem, o logar dos costumes moralisadôres, estatuidos pelos nossos antepassados”. Segue o editorial comentando sobre infortúnios e irresponsabilidades dos governantes e informa que a publicação tem por finalidade

Unicamente, o de pugnar pelos interesses da patria opprimida; envidar todos os esforços, em defeza dos direitos do povo, sacrificados pelo absolutismo do Governo; sustenta aquelles mesmos direitos, que nos fôrão outorgados, pela Constituição Politica do Imperio; bradar contra os abusos escandalosos, as injustiças revoltantes praticados por esses casacas-bordadas, verdadeiros lacaios da monarchia, que por fatalidade dirigem os destinos desta pobre nação!

O nosso intento não é a queda da monarchia, não, porque o povo brazileiro, ainda não se acha nas condicções exigidas para a proclamação de uma republica; a nossa lucta, alcançará o Governo, mas jamais attingirá a Corôa, emquanto o nosso Suberano, a sustental-a com dignidade sobre a fronte”.

Seguem saudando aos representantes da imprensa jornalística, pedindo seu apoio, e manifestam a certeza de estarem sempre prontos a lutar contra os abusos cometidos contra a Pátria e a Monarquia.

O periódico Aspiração Nacional foi diagramado com 4 páginas, divididas em 3 colunas, separadas por um fio simples. Não teve ilustração.

Publicou a primeira parte de um folhetim com o título “Celina”, assinado por A. G. F., que de acordo com nota na seção “Parte Noticiosa”, se trata de uma jovem de 16 anos, que pretendeu ocultar o nome “por excesso de modestia”. Na seção “Estudos Juridicos”, assinada por Benedicto Raymundo Silva, está publicado artigo sobre direito penal. Constam também do exemplar, as seções “Publicação a Pedido”, “Variedades”, Miscellanea” e outra de “Informações uteis”, onde estão arrolados nomes e endereços de advogados e médicos. Na seção “Litteratura”, está um poema com o título “Ao Brazil”, de autoria de Filius Malli, que transcrevemos um excerto a seguir.


Ao Brazil

Oh! meu pobre Brazil, como eu deploro
Tua sina fatal! Como a desgraça,
Que te opprime, te arrastra ao tredo abysmo.
Tambem me faz soffrer!

Tu que outr’ora fizeste estremecer,
Curvar-se ao teu olhar nações extranhas,
Hoje tremes e à face od povos cospem-se
O escarneo, a irrizão!

De gloria esse brilhante, aureo padrão,
Conquistado co’o sangue dos teus filhos
Chafurdou-se no pó da ignominia
P’ra nunc mais brilhar!

Em vão tentas ainda concertar
Esse manto real que te envolvia
Em vão! Pois que elle foi despedaçado
Pela mão da torpeza![2]

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[1] Conferir em http://memoria.bn.gov.br/DocReader/090972_03/10776, Correio paulistano do dia 22/07/1879, final da terceira coluna, antes do folhetim.

[2] Continue lendo em http://memoria.bn.gov.br/DocReader/244627/4

 

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