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Auta de Sousa

por Maria do Sameiro Fangueiro

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Auta de Sousa nasceu em Macaíba, RN, em 12 de setembro de 1876, e morreu de tuberculose em Natal, RN, em 7 de fevereiro de 1901, filha de Elói Castriciano de Sousa, e Henriqueta Leopoldina. Estudou no Colégio de São Vicente de Paula, em Recife, dirigido por religiosas francesas, onde aprendeu a falar e a escrever o francês. Usava como pseudônimos Ida Salúcio e Hilário das Neves. Foi colaboradora da revista Oásis em 1894; em 1896, colaborava com jornal do governo intitulado A República. Escreveu para os periódicos Oito de setembro e Revista do Rio Grande do Norte, ambos de Natal. Escreveu o seu único livro de versos, inicialmente intitulado Dálias e posteriormente O horto, submetido à apreciação de Olavo Bilac (1865-1918), que escreveu o prefácio para a sua primeira edição. Seus poemas foram publicados na Gazetinha, de Recife, em O Paiz, do Rio de Janeiro, e na revista A Mensageira. Foi homenageada por Luis da Câmara Cascudo (1898-1986), ao escrever Vida breve de Auta de Souza, publicado em 1961, pela Imprensa Oficial do Recife. Na opinião de Câmara Cascudo, Auta de Souza revela-se como “a maior poetisa mística do Brasil”.


Natal


É meia-noite… O sino alviçareiro
Lá da Igrejinha branca pendurado,
Como n`um sonho mystico e fagueiro,
Vem relembrar o tempo passado.


Ó velho sino, ó bronze abençoado,
Na alegria e na magua companheiro,
Tu me recordas o sorrir primeiro
Do menino Jesús Immaculado.


E emquanto escuto a tua voz dolente
Meu ser, que geme dolorosamente
Da desventura aos gélidos açoites.


Bebe em teus sons tanta alegria, tanta!
Sino, que lembras uma noite santa,
Noite bemdicta em meio às outras noites!


Em: A Mensageira, ano 1, n. 18, jun. 1898.



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