BNDigital

Periódicos & Literatura

< Voltar para Dossiês

Baptista Cepelos

por Maria do Sameiro Fangueiro

banner_personagens_010_baptista_cepelos


Manuel Batista Cepelos nasceu em Cotia, SP, em 10 de dezembro de 1872, e morreu no Rio de Janeiro, em 8 de maio de 1915, filho de João Batista Cepelos e de Maria Dinis Cepelos. Poeta, teatrólogo e romancista, de família humilde, foi carroceiro, garçom e soldado. Foi para São Paulo em 1893, onde assentou praça na Força Pública, Corpo Municipal Permanente. Em 1902, bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais. Começou como poeta escrevendo o poema “A derrubada”, em 1895. Em 1902, escreveu “O cisne encantado”. Em 1906 escreveu Bandeirantes, obra prefaciada por Olavo Bilac, sendo reconhecido nesta obra como autor parnasiano. A coletânea Os corvos foi escrita em 1907 e, Vaidades em 1908. Em 1910, escreveu Vil metal, romance de cunho naturalista. A peça de sua autoria,Maria Madalena, teve sua estreia no ano de inauguração do Teatro Trianon, em 1915, pela Companhia de Cristiano de Souza. Tentou por três vezes, sem êxito, ingressar na Academia Brasileira de Letras. Seus estudos foram financiados pelo senador Peixoto Gomide e a convivência com a família deste fez com que se apaixonasse pela filha do senador, que, contrário ao relacionamento dos dois, inexplicavelmente, matou a própria filha e a seguir suicidou-se. Deprimido depois desse trágico acontecimento, mudou-se para o Rio de Janeiro. Sua vida foi marcada por tragédias. Foi encontrado morto, sem saber-se ao certo se foi acidente ou suicídio. Na revista Evolução litterária, encontramos este soneto de sua autoria.


Ecce homo


Trazendo à Natureza uma pujança brava
A doirada razão do viço e da alegria,
Dispersada por tudo, a Vida triumphava,
Enquanto o sol, por toda a esphera, ria… ria…


Ria de flor em flor; no insecto que passava,
Ria; nas virações, no azul, na pedra fria,
No pássaro gentil, na furna esconsa e cara,
Ria; por toda a parte, em summa, ria… ria…


E o Rei da Creação, o Homem, passado e lento
Cravou o olhar no céu, numa grande tristeza,
Que era a sombra talvez de um grande pensamento…


E, alto, na solidão, que lhe augmentava o porte,
Em meio às expansões joviaes da Natureza,
Elle tinha na fronte a pallidez da morte…


Em: A Evolução litteraria, ano 1, n. 1, abr. [1911].



Parceiros