BNDigital

Periódicos & Literatura

< Voltar para Dossiês

Félix Ferreira

por Maria do Sameiro Fangueiro
banner_personagens_fundo

Félix Ferreira nasceu no Rio de Janeiro em 1841, e morreu nesta mesma cidade em 1898. Começou jovem como escritor e jornalista, mas foi como historiador, crítico de arte e livreiro que se tornou conhecido e respeitado. Compreendia a necessidade de desenvolver o gosto pela arte no país, de tal forma, era seu desejo que fossem criados cursos que incentivassem o ensino artístico, e consequentemente sua profissionalização. Para que isso acontecesse seria necessário que as instituições de ensino começassem a implantar em seu currículo, novas técnicas de gravuras e artes gráficas. Considerava que o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, criado por Francisco Joaquim Béthencourt da Silva (1831-1911), em 1856, como sendo o local apropriado para tal finalidade.


Ao escrever o livro Do Ensino Profissional: Liceu de Artes e Ofícios, lançado em 1876, cita o regulamento interno do Liceu e os estatutos da Sociedade Propagadora das Belas Artes, tendo a esperança de ver seu ideal tornarem-se realidade. Outra obra escrita por Felix Ferreira, em 1885, intitulado Belas Artes: estudos e apreciações, no qual descreve a história da arte do Brasil. Nesta publicação, mostra de forma sistemática, o panorama da história da arte nos padrões existente naquela época, isto é, como era percebida no século XIX. É tida como sua mais importante obra sobre artes plásticas.


Em 1871, tornou-se proprietário da Typographia e Lithographia Imparcial de Felix Ferreira & Cia, situada na Rua Sete de Setembro 146 A, onde publica a revista O Guarany, no qual era redator.


Como editor, publicou por volta de 1870, coletâneas de autores clássicos, assim como, Luis de Camões (1524-1580), Padre Antônio Vieira (1608-1697), Diogo Bernardes (1510-1605), Almeida Garret (1799-1854), Alexandre Herculano (1810-1877), entre outros.

Uma curiosidade a cerca de Félix Ferreira, segundo Raimundo Menezes, em seu Dicionário Literário Brasileiro de 1969, p. 499, descreve como funcionário da Biblioteca Nacional. E, foi aqui, que em 1881, dedicou-se A Exposição de História do Brasil, organizada pela Biblioteca Nacional, tendo como um dos seus idealizadores o então diretor Benjamim Franklin Ramiz Galvão (1846-1938). Nesta mostra foram expostas gravuras, pinturas, obras, periódicos e ilustrações que faziam parte do acervo da Biblioteca Nacional.


Ferreira é autor de outras obras de diferentes temas, inclusive textos teatrais como, As Deusas de balão, comédia em um acto, escrita em 1867. Escreveu, Elementos de Gramática Portuguesa, de 1872, em edição revista e ampliada, Do Ensino profissional, de 1876, A Educação da mulher, notas colligidas de vários autores, em 1881, e, Brazil: o estado do Rio de janeiro, informações para o emigrante, de 1893. Em 1899, foi editada postumamente a obra A Santa Casa de Misericórdia Fluminense e sua trajetória, do começo do século XVII até o fim do século XIX. No periódico O Pandokeu, encontramos de sua autoria o poema Lyrios e rosas.


 

Lyrios e rosas


Formosos lyrios
formosas rosas
as mais mimosas
ia colhendo,
Nize querida,
Nize engraçada,
e uma grinalda
ia tecendo.

Formosos lyrios
formosas rosas,
as mais viçosas
só as queria;
uma outra flor
mais perfumada,
Nize adorada
não a colhia.

Formosos lyrios
formosas rosas,
as mais cheirosas
n’uma grinalda.
_ P’ra quem é isso
Nize formosa? _
Córa qual rosa
não me diz nada.

Formosos lyrios
formosas rosas,
as mais luxosas
as _ invejei...
Fui junto a fonte
de crystalinas
entre boninas
me reclinei...

Formosos lyrios
formosas rosas
tão odorosas
n’uma grinalda!
Mas eis vem Nize...
pára na fonte.
e minha fronte
põe coroada.

Porque só lyrios
porque só rosas
as mais ditosas
Nize m-as deu?
Porque outra flôr
mais gentilzinha
a mulatinha
não a – colheu?

Em: O Pandokeu, anno 1,n.45,1866

Parceiros