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Hermes Fontes

por Maria do Sameiro Fangueiro

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Hermes Floro Bartolomeu Martins de Araújo Fontes, conhecido como Hermes Fontes, nasceu em Buquim, SE, em 28 de agosto de 1888, e morreu no Rio de Janeiro, em 25 de dezembro de 1930. Era filho de Francisco Martins Fontes e Maria de Araújo Fontes. Aos dez anos, mudou-se para o Rio de Janeiro. Aos 15 anos, colaborava com o jornal O Fluminense. Formou-se bacharel em direito em 1911, porém não exerceu a profissão. Fundou, em 1904, o jornal Estréia, com Júlio Surkhow e Armando Mota. Escreveu nos principais jornais e revistas do Rio de Janeiro e São Paulo, entre eles: Rua do OuvidorFolha do DiaImparcialCorreio PaulistanoDiário de Notícias, Correio da ManhãCaretaFon-FonTribunaTagarelaAtlântidaO Malho e Kosmos. No jornal O Bibliógrafo atuou como caricaturista.

Em 1908, publicou seu primeiro livro de poesias, Apoteoses. Sua obra é composta por Gêneses (1913), Ciclo da perfeição (1914), Miragem do deserto e Epopeia da vida (1917), Microcosmo (1919), A lâmpada velada e Despertar (1922), A fonte da mata (1930). Compôs, em parceria com Freire Júnior, as músicas “Luar de Paquetá” e “A beira mar”, cujos versos são de sua autoria. A poesia de Hermes Fontes é de estética simbolista.

Participou da organização da Academia Sergipana de Letras, tendo o seu nome figurado na ata de primeiro de junho de 1929, como fundador da cadeira de número 16, cujo patrono era o poeta Pedro de Calasans. Por cinco vezes tentou entrar para a Academia Brasileira de Letras,  perdendo as eleições em todas elas.

 

Extremos


Grão de areia, _ és a idéa estéril da Hulmildade.
Constellação, _ a idea ubérrima da Pompa.
Que tem que à Terra o Nada os areaes arrecade,
Desde que em pleno Azul um mundo novo irrompa?


Poeira! Restos de algum solar que retrograde!
Clarão! Poeira de luz! Luz! _ eco da áurea Trompa,
Com que o Sol canta, esplende e rege a Immensidade,
A ver que a alma dos céos não se tolde ou corrompa!


Vésper! Que és tu, senão… grão-de-areia fulgente?!
Sabará! Que és tu, senão _ lousas desfeitas, lousas
De arcabouços de sóes que já não dão semente?!…


Quanto te illudes, Pompa! Ah! Quanto sonhas e ousas!
_ Na inconstância da Vida, _ está constantemente,
_ A Republica, _ a União… a Egualdade das cousas…


Em: O Baile, n. 1, maio 1906.




A Felicidade


Existe. Eu a conheço. Ouço-a e lhe falo. Fito
os meus olhos nos seus.; e, exaltando-a, me exalto,
Vou tocal-a, porém… – há entre nós o Infinito…
Foge o horizonte, o céo espuma-se em cobalto!…


Minha Felicidade! Hei de attingil-a ! salto
muralha por muralha, ergo-me, vôo, agito
todas as azas da Alma, e vou de sobresalto
em sobresalto, ao léo desse enganoso Mytho…


Antes de te sonhar, vi-te e, antes de buscar-te,
vieste! Mas, para amar-te, urge que eu me descentre
o Ideal para Ambição … E-ai! dos meus sonhos de arte!


E ai! de mim que sonhei ser feliz, e deponho
minha Felicidade e minhas glórias, entre
a grilheta da Vida e a redempção do Sonho!…


Em: A Faceira, ano 2, n. 12, jul. 1912.




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