BNDigital

Periódicos & Literatura

< Voltar para Dossiês

Humberto de Campos

por Maria do Sameiro Fangueiro
banner_personagens_055_humberto_campos

Humberto de Campos Veras, filho de Joaquim Gomes de Farias Veras e de Ana de Campos Veras, nasceu em Miritiba (MA) – hoje Humberto de Campos – em 25 de outubro 1886, e morreu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1934. Em 1893, Humberto tinha 7 anos, quando sua mãe então viúva, levou a família para Parnaíba (PI). Foi naquela cidade, que Humberto começou seus primeiros estudos.


Começou a trabalhar ainda muito jovem para ajudar no sustento da família. Seu primeiro emprego foi em 1898, trabalhando com seu tio Emídio Veras. No ano seguinte, já era aprendiz de tipógrafo nas oficinas do jornal O Comercial, semanário de Parnaíba, gerido por Floriano Serpa. Com apenas 14 anos, foi para São Luís do Maranhão em busca de emprego, onde trabalhou na Casa Transmontana como aprendiz de tipógrafo. Em 1903, seguiu para Belém do Pará onde trabalhou no escritório da firma Montenegro & Cia.


A primeira oportunidade como escritor surgiu em 1908, no A Província do Pará, jornal fundado em 1876 por Joaquim José de Assis, Antônio José Lemos e Francisco de Souza Cerdeira. Neste mesmo ano, exerceu um cargo de secretário junto à prefeitura de Belém. Em 1910 publicou seu primeiro livro de versos, intitulado Poeira. Seu envolvimento com a política em Belém não lhe rendeu bons resultados. Em 1912, mudou-se para o Rio de Janeiro. Na capital federal, ingressou definitivamente no jornalismo ao entrar para O Imparcial. Naquele jornal ele encontra um grupo de escritores já conhecidos, entre eles São escritores ilustres como Rui Barbosa(1849-1923), Goulart de Andrade, Júlia Lopes de Almeida(1862-1934), José Veríssimo(1857-1919) e Vicente de Carvalho(1866-1924). Torna-se jornalista e cronista reconhecido, dominando vários gêneros literários e escrevendo em diferentes periódicos. Utilizou pseudônimos variados: Conselheiro XX, Almirante Justino Ribas, Luís Phoca, João Kaetano, Giovani Morelli, Batu-Allah, Micromegas, Ali Hadjala e Hélios.


Entrou para a Academia Brasileira de Letras, em 30 de outubro de 1919, sucedendo o acadêmico Emílio de Menezes (1866-1918) na cadeira de número 20, cujo patrono é Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882). Ao voltar para o Maranhão entrou para política e, em 1920, elegeu-se deputado federal, sendo reeleito seguidamente até que, em 1930, quando teve seu mandato cassado. Em 1933, publicou Memórias (1886-1900), que descreve sua infância e juventude. Antes de completar 50 anos morreu, ao submeter-se a uma cirurgia.



Monologo de um Martyr


Foi mentira de João, foi mentira de Marcos.
Tivesse ido ao Calvario a pisar alamédas,
E teria, talvez, sem vêr lanças nem arcos,
Ajoelhado no chão, cahido as sete quédas.


Suei sangue a construir isso que hoje deprédas.
A barca de Simão, com os madeiros mais parcos,
Fiz, sózinho... E, eis que, a rir, tu, que tudo arremédas,
Atiras sobre o mar uma frota de barcos!


Semeador infeliz, puz mil sementes a esmo...
Quando vi que era mau meu terreno, surpreso,
Fui ao Horto, e chorei com raiva de mim mesmo.


Só fui Deus, e sonhei, até nesse momento...
É mentira de João: não cahi sob o peso
Do madeiro da cruz, __ mas do Arrependimento!...


Em: Boneca, ano 1,n. 2, jul. 1928.

Parceiros