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Júlio Maciel

por Maria do Sameiro Fangueiro

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Júlio Barbosa Maciel nasceu em Baturité, CE, em 28 de abril de 1888, e faleceu em Fortaleza, em 8 de abril de 1967. Seus pais eram Raimundo Ferreira Maciel e Emília Barbosa Maciel. Estudou no Colégio Colombo e no Liceu do Ceará, em Fortaleza. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro.

Começou suas atividades literárias com apenas 15 anos, no Grêmio Barbosa de Freitas, escrevendo seus versos na revista 31 de Agosto,. Colaborou com a revista Terra da Luz (1908), de Joaquim Pimenta,, onde publicou o soneto “Jacarecanga”, considerado um dos seus melhores poemas. Colaborou na revista Fortaleza (1906-1907), onde publicou os sonetos “O Relógio” e “Ressurreição”, que fizeram parte livro Terra mártir, lançado em 1918. “Os Grous”, também publicado na mesma revista, apareceu posteriormente no livro Poemas da solidão (1943). Usava os pseudônimos Rubens da Maia e Lúcio Várzea. Foi membro da Academia Cearense de Letras, cadeira de número 28, cujo patrono é Mário da Silveira.

 

Os Grous


´… quando um caçador atira num
bando de grous, e fere a um delles,
os outros o cercam mal o vêem fraquear
o vôo e o amparam…`v


Libérrimo e veloz, em compacta fileira,
Alto, a pompear o sol o plumacho opulento,
Dominando a floresta e a montanha altaneira,
Passa a leva dos grous, em pleno firmamento.


Passa. Subito um tiro acorda a selva inteira.
E, qual si a ellas movera humano entendimento,
Eis as aves sustêm infeliz companheira,
Que roda no ar, fechando o remigio sangrento!…


E emquanto um caçadôr, a carabina em pouso,
Faiscando, presos no ar, os olhos como brasas,
A sua opima caça, abaixo, aguarda, anciôso:


Alto, a pompear ao sol, lá vão os grous, em bando;
Irmanados lá vão, nas protectoras azas,
Espaço acima, o grou moribundo levando !


Em: Fortaleza, ano 1, n. 12, out. 1907.



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