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Juvenal Galeno

por Maria do Sameiro Fangueiro

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Juvenal Galeno da Costa e Silva nasceu em Fortaleza, CE, em 27 de setembro de 1836, e morreu na mesma cidade, em 7 de março de 1931. Era filho de José Antônio da Costa e Silva, e de Maria do Carmo Teófilo e Silva. Para alguns estudiosos, seria o criador da poesia de motivos e feição populares no Brasil. Seus versos reproduzem os costumes, as crendices, os folguedos, os sentimentos e a bravura do povo. É considerado o pioneiro do uso do folclore do nordeste, na poesia de larga divulgação.


Foi para o Rio de Janeiro estudar “assuntos de lavoura”, conforme desejo de seu pai. Na capital federal, fez amizade com Paula Brito, frequentando sua tipografia, onde conheceu alguns intelectuais. Estimulado pelo ambiente, escreveu poesias que foram publicadas na revista Marmota Fluminense. Voltou para o Ceará, e exerceu, em Fortaleza, a função de diretor da Biblioteca Pública até ser afastado por problemas de saúde. Perdeu a visão por causa de glaucoma.


Foi sócio fundador do Instituto do Ceará. Ocupou a cadeira 23, na Academia Cearense de Letras. Colaborou em vários jornais e revistas. Publicou em 1856, Prelúdios poéticos, livro de poesias dentro da estética do romantismo, apontado como o marco inicial da literatura cearense, por Mario Linhares. O ponto alto de sua maturidade poética veio com o lançamento de Lendas e canções populares, em 1865. Colaborador assíduo dos jornais A Constituinte e Pedro II. Com a ajuda das filhas, Henriqueta e Juliana Galeno,  sua residência é transformada em Casa Juvenal Galeno, centro de cultura e assuntos literários, em 1919.




Soneto


Quanta lucta, meu Deus, quanta aspereza
Nos caminhos da vida, em toda a parte!
Como a dor fatalmente se reparte
No reino, todos os tres, da natureza.


Do mais pequeno insecto, a mór grandeza;
Em tudo que, o viver térreo comparte;
Do mais ignorante ao de mais arte:
Dos humildes até á realeza.


É que tudo tem alma, evoluindo,
Que parte das maiores profundezas,
As montanhas mais altas attingindo.


E na longa ascensão, quantas surprezas;
Quantas vertigens; que mysterio infindo;
Que immenso labyrintho de incertezas.


Em: Fortaleza, ano 1, n. 5, fev. 1907.



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