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< Voltar para DossiêsDistracção: semanario satyrico e humorístico
por Maria Ione Caser da Costa
O periódico Distração: semanário satyrico e humorístico foi lançado no Rio de Janeiro, presumivelmente no dia 9 de outubro de 1884, últimos anos do Brasil imperial. A data exata do primeiro exemplar não pode ser confirmada pois, na coleção da Biblioteca Nacional, faltam as quatro primeiras páginas do primeiro fascículo. O número 2 foi publicado em 16 de outubro daquele ano.
Impresso pela Typographia de J. P. Hildebrandt, localizada na “rua d’Ajuda n. 31”. João Paulo Hildebrandt montara a tipografia em 1872, e na companhia do desenhista Candido Aragonez de Faria (1849-1911) iniciara no ramo editorial.
Cada exemplar de Distracção saiu com seis páginas de duas colunas cada, separadas por um fio simples. As páginas foram impressas “com nitidez e bom gosto” e “com um texto cheio de atractivos aos quaes dão maior realce umas figurinhas que aqui e ali aparecem, ora fazendo uma pirueta, ora um gesto como de quem convida á distracção, e o certo é que o leitor se vai distraindo e chega ao final de um numero para ficar ancioso por outro.” A partir do número 13, publicado em 1º de janeiro de 1885, passa a ter 8 páginas cada exemplar.
Um diferencial em A Distracção é a numeração das páginas. Ela foi feita de maneira sequencial nos fascículos durante um ano, reiniciando a numeração a cada aniversário da revista, no mês de outubro.
Publicação bastante ilustrada, apresenta xilografias de Alfredo Pinheiro (1858?-1901?) e Villas-Boas (José Martins Gomes Villas Boas, 1857-1934). A partir do número 30, publicado em 30 de abril de 1885, recebeu também ilustrações do gravador francês Charles Idoux (1830-1908), P. L’Epine e Theotonio de Capistrano.
O valor para venda avulsa de Distracção foi de 200rs. As assinaturas só poderiam ser efetivadas com o pagamento adiantado, sendo o valor cobrado para a assinatura trimestral de 1$500 para a Corte e 2$000 para as províncias.
Solicitava-se aos usuários colaboração para as páginas da publicação: “Os senhores que nos quiserem honrar com pequenos artigos humorísticos, de conformidade com o programma d’esta folha, terão a bondade de remettel-os em carta fechada á redação da DISTRACÇÃO”.
Em virtude da falta das páginas iniciais do primeiro exemplar, não é possível conhecer o programa da publicação, como mencionado acima, entretanto os exemplares subsequentes nos dão conta das manifestações de carinho e congratulação pelo lançamento de Distracção, recebidas pelos seus pares, sempre anunciadas nos números posteriores.
Distracção editou 123 números, sendo o último em 2 de abril de 1887, quando completava já seu terceiro ano, com publicações ininterruptas. Publicou vários contos, poesias, charadas, enigmas, piadas, explicação de jogos de damas e xadrez, etc...
Vários foram os colaboradores. Citamos apenas alguns: Albino Mendes, A. Aryues, Annibal Barroso, Luiz Guimarães Junior, Luiz Marcelo e Baroneza Quiteria. O poema selecionado para ilustrar nosso dossiê é “O gato e a gata” (fábula imitada) de A. Aryues.
O gato e a gata
(fabula imitada)
Um gato bello, elegante,
Bem prendado e instuido,
Por certa gata faceira
Era d’amores perdido.
Com affinco a procurava
Por telhados e quintaes,
Soltando doces miados
Como ternos madrigais.
Ella, porem, toda esquiva
Para aquelle que o amava,
Se perto de si o via,
Logo as garras lhe mostrava;
Mas o gato, que é esperto,
Perfidamente manhoso,
Foi surpreender a gatinha
Co’um gato feio e leproso!
Vós, oh belos namorados,
Sêde manhosos também!
Se vossa amada vos trata
Com sarcásticos desdém...
Com certeza imita a gata!
[1] http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=779946&pagfis=1
[2] http://memoria.bn.br/DocReader/779946/15
Impresso pela Typographia de J. P. Hildebrandt, localizada na “rua d’Ajuda n. 31”. João Paulo Hildebrandt montara a tipografia em 1872, e na companhia do desenhista Candido Aragonez de Faria (1849-1911) iniciara no ramo editorial.
Cada exemplar de Distracção saiu com seis páginas de duas colunas cada, separadas por um fio simples. As páginas foram impressas “com nitidez e bom gosto” e “com um texto cheio de atractivos aos quaes dão maior realce umas figurinhas que aqui e ali aparecem, ora fazendo uma pirueta, ora um gesto como de quem convida á distracção, e o certo é que o leitor se vai distraindo e chega ao final de um numero para ficar ancioso por outro.” A partir do número 13, publicado em 1º de janeiro de 1885, passa a ter 8 páginas cada exemplar.
Um diferencial em A Distracção é a numeração das páginas. Ela foi feita de maneira sequencial nos fascículos durante um ano, reiniciando a numeração a cada aniversário da revista, no mês de outubro.
Publicação bastante ilustrada, apresenta xilografias de Alfredo Pinheiro (1858?-1901?) e Villas-Boas (José Martins Gomes Villas Boas, 1857-1934). A partir do número 30, publicado em 30 de abril de 1885, recebeu também ilustrações do gravador francês Charles Idoux (1830-1908), P. L’Epine e Theotonio de Capistrano.
O valor para venda avulsa de Distracção foi de 200rs. As assinaturas só poderiam ser efetivadas com o pagamento adiantado, sendo o valor cobrado para a assinatura trimestral de 1$500 para a Corte e 2$000 para as províncias.
Solicitava-se aos usuários colaboração para as páginas da publicação: “Os senhores que nos quiserem honrar com pequenos artigos humorísticos, de conformidade com o programma d’esta folha, terão a bondade de remettel-os em carta fechada á redação da DISTRACÇÃO”.
Em virtude da falta das páginas iniciais do primeiro exemplar, não é possível conhecer o programa da publicação, como mencionado acima, entretanto os exemplares subsequentes nos dão conta das manifestações de carinho e congratulação pelo lançamento de Distracção, recebidas pelos seus pares, sempre anunciadas nos números posteriores.
Distracção editou 123 números, sendo o último em 2 de abril de 1887, quando completava já seu terceiro ano, com publicações ininterruptas. Publicou vários contos, poesias, charadas, enigmas, piadas, explicação de jogos de damas e xadrez, etc...
Vários foram os colaboradores. Citamos apenas alguns: Albino Mendes, A. Aryues, Annibal Barroso, Luiz Guimarães Junior, Luiz Marcelo e Baroneza Quiteria. O poema selecionado para ilustrar nosso dossiê é “O gato e a gata” (fábula imitada) de A. Aryues.
O gato e a gata
(fabula imitada)
Um gato bello, elegante,
Bem prendado e instuido,
Por certa gata faceira
Era d’amores perdido.
Com affinco a procurava
Por telhados e quintaes,
Soltando doces miados
Como ternos madrigais.
Ella, porem, toda esquiva
Para aquelle que o amava,
Se perto de si o via,
Logo as garras lhe mostrava;
Mas o gato, que é esperto,
Perfidamente manhoso,
Foi surpreender a gatinha
Co’um gato feio e leproso!
Vós, oh belos namorados,
Sêde manhosos também!
Se vossa amada vos trata
Com sarcásticos desdém...
Com certeza imita a gata!
[1] http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=779946&pagfis=1
[2] http://memoria.bn.br/DocReader/779946/15